Este ano resolvi tentar assistir a filmografia do Takashi Miike. Essa ideia já é meio antiga: faz tempo que curto o Miike, devo ter vistos uns vinte filmes seus e já até o considerei meu diretor favorito. Agora decidi fazer algo mais organizado e assistir os filmes cronologicamente. Vou chamar este projeto carinhosamente de Miiketona.
E comecei por Eyecatch Junction, seu longa-metragem de estreia. Sou uma pessoa que julga muito o filme pelo poster, e o de Eyecatch não podia ter capturado menos meu olhar com seu visual infantilizado e nada parecido com as obras consagradas do Miike.
Minhas expectativas estavam bem baixas mas tive uma grata surpresa, pois o filme já traz traços marcantes do Miike. Os planos são precisos e coreografados, mostrando as cenas com muita clareza, mas ao mesmo tempo muito criativos e anárquicos, assemelhando-se a liguagens mais populares como o mangá, anime e programas de TV.
Apesar de muito bobinhas, as piadas são muito bem encadeadas e os poucos momentos em que a história assume um tom mais misterioso são inseridos com total sintonia.
Por fim, vale ressaltar que que os personagens excêntricos, as perversões e violência também estão presentes. Fiquei bastante surpreso pois o tom leve predominante não parecia dar espaço para ecos mais extremos característicos do Miike. Mas deu, e funcionou muito bem.